16 de jul. de 2013

O problema do ensino da gramática nas escolas


Em seu livro Saberes gramaticais na escola, (In.: Ensino de gramática: descrição e uso [VIEIRA, Silvia R; BRANDÃO, Silvia F.; São Paulo: Contexto, 2007, pp. 31-54]), o professor Afranio Gonçalves Barbosa, doutor em Letras (Letras Vernáculas – Língua Portuguesa), aborda a questão do que vai mal no nível básico do ensino da língua portuguesa.

Professor do Departamento de Letras Vernáculas da UFRJ desde abril de 1994, com sete projetos de pesquisa concluídos e três em andamento, e uma produção intelectual de 123 obras, 25 das quais livros, na área de língua portuguesa, o autor se vale de sua experiência prática e conhecimento teórico para questionar o modelo de ensino da gramática de língua portuguesa adotado nas escolas brasileiras.

A pergunta “certo, ou errado?”, em termos gramaticais, parece ser o pivô da discussão. Essa é a pergunta com que se deparam os professores de formação básica em língua portuguesa, e para a qual têm pouco preparo a fim de dar uma resposta satisfatória. Além disso, o autor expõe a fragilidade argumentativa dos chamados consultórios gramaticais em suas afirmações taxativas sobre formas e usos da língua considerados ‘errados’.

O objetivo do autor foi examinar de modo crítico o quadro existente no campo do ensino da gramática na escola e apresentar alternativas possíveis para tratar do problema. Seu método de análise da questão dos saberes gramaticais na escola utiliza como exemplo o tópico gramatical formas nominais do verbo, e é apresentado de forma esquemática, que pode ser aplicada a qualquer questão de correção gramatical.

Segundo o autor, o profissional de Letras precisa deter pelo menos três saberes, a fim de poder lidar com o desafio de ensinar a gramática na escola, diante das crises social, científica e do magistério. São eles: (1) O que dizem os falantes, a norma culta local; (2) o que diz a tradição gramatical; e (3) o que dizem as pesquisas linguísticas. Uma vez detentor desses saberes, o professor saberá que certo e errado não são respostas absolutas, mas dependem do contexto de fala em que as formas são empregadas. Em grande parte das vezes, a melhor resposta para questões do tipo “certo ou errado?” deveria ser: “nem certo, nem errado, mas está inadequado para uso fora da comunidade”, argumenta o autor. 

Em conclusão, o texto afirma que o profissional de Letras deve ser capaz de ajudar o aluno a desenvolver a habilidade de ajustar seu registro de fala de acordo com a situação discursiva. Expresso pelo dito popular, “cada lugar tem seu fuso, cada povo tem seu uso”.  

Num texto claro, acessível, coerente e consistente, o professor Afranio Barbosa consegue chamar a atenção para uma questão premente no ensino da língua portuguesa no Brasil. Citando o escritor Ataliba de Castilho, o autor toca na questão da crise do magistério, que pode ser vista, entre outras coisas, na desvalorização do professor de ensino básico, em especial. A experiência de quase 20 anos no ensino de Letras Vernáculas atribui credibilidade aos argumentos do professor.


A soma das vozes que se erguem, para promover o saneamento do ensino da gramática na escola, ainda não é suficientemente forte para vencer os preconceitos enraizados na cultura nacional que são, por sua vez, regados e nutridos por uma parcela significativa da mídia televisiva, particularmente. Nesse cenário, Saberes gramaticais na escola, do professor Afranio Barbosa, contribui para a evolução do ensino de duas formas básicas. Primeiro, no apontamento do que vai mal nessa área. Depois, na indicação de que a formação adequada de novos profissionais de Letras pode ser o caminho mais curto e menos sinuoso para se chegar ao ensino da língua portuguesa como ela é, não como ela foi sete séculos atrás.

Book Description (by Amazon.com)

 November 26, 2012
Como se deve ensinar Língua Portuguesa para os alunos de hoje? Já é possível enfrentar o grande desafio que se impôs quando uma grande massa de brasileiros trouxe às escolas seus falares, suas gramáticas particulares. Ao se expor uma diversidade linguística que, no ambiente escolar e nos livros didáticos, se fingia não existir, se tornou urgente uma mudança radical nas práticas descritivas e pedagógicas. Este livro resulta de crescente interesse em atender às exigências dessa mudança e em assumir uma posição objetiva ante a realidade escolar.

Ensino de gramática: descrição e uso (Portuguese Edition) [Kindle Edition]

Silvia Figueiredo Brandão Silvia Rodrigues Vieira 

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22 de jun. de 2013

Língua - Vidas em Português



“Quase me apetece dizer que não há uma língua portuguesa, há línguas em português.” Essas poucas palavras do escritor português José Saramago aglomeram e sintetizam muito bem conceitos importantes abordados no documentário Língua, Vidas em Português, de Victor Lopes, 2002.

Em primeiro lugar, consideremos o conceito de comunidade linguística. O português é a língua oficial de nove países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste), falada por mais de 270 milhões de pessoas em todo o mundo, 250 milhões das quais falantes nativos. Essas comunidades espalhadas ao redor do globo estão unidas por um vínculo que transcende as barreiras geográficas, a saber, a língua portuguesa.

O escritor Mia Couto observa que, com a mestiçagem cultural, o português perdeu o dono e passou a ser gerido por mecanismos culturais, e não apenas linguísticos. Corroborando tal afirmação, a cantora portuguesa Teresa Salgueiro declara que entre Brasil e Portugal não há uma identificação total, porque se tratam de culturas muito diferentes. “Falamos a mesma língua, mas ela não é falada da mesma maneira”, ela acrescenta. Pode-se dizer que o mesmo fenômeno ocorre no âmbito dos outros países em que se fala o português, quando comparados uns com os outros. No entanto, isso não dissipa o conceito de comunidade linguística, que continua existindo incólume, desafiando as barreiras geográficas e culturais existentes.

Um segundo conceito, o de variação linguística, está estreitamente ligado às diferenças culturais manifestadas pela comunidade linguística em seus diferentes retratos. O escritor João Ubaldo Ribeiro declara que, se as línguas não mudassem, falaríamos o latim até hoje. Sim, as línguas mudam. Mas a mudança não ocorre da noite para o dia. Antes, ela pressupõe um período de variação linguística. E isso não é exclusividade do português, todas as línguas sofrem variação.

O escritor Mia Couto acrescenta que ‘o português é uma língua que aceita muito, que é capaz de se casar com o chão’ onde é falada, indicando sua permeabilidade por tonalidades e variações, que não a empobrecem, mas a embelezam. A variação linguística poderia ser classificada com fenômeno natural. Estranho seria se não houvesse variação. Do ponto de vista linguístico, não há variante inferior ou superior. Do ponto de vista social, porém, algumas variantes são estimagtizadas, ao passo que outras não, dependendo do prestígio dos falantes que as adotam. Isso nos leva ao terceiro conceito que queremos abordar, o conceito de certo e errado.

O que é certo e o que é errado na língua? Tradicionalmente, quase todo desvio da norma padrão, prescrita pela gramática normativa, é considerado como erro. Isso é o que as crianças aprendem desde as primeiras lições sobre a língua, na escola. Naturalmente, as formas que se desviam daquela norma, mas que são utilizadas por falantes cultos, tendem a ser aceitas na maioria das situações de fala. Em contrapartida, do ponto de vista linguístico, é essa tradição que parece estar errada. Para os linguistas, existem construções gramaticais e agramaticais, mas não há o certo em oposição ao errado, no uso da língua. Existem variantes de prestígio e variantes desprestigiadas. Essas variantes fazem parte do processo de transformação a que a língua é continuamente submetida.

 Tal processo de transformação é inevitável, observa José Saramago, segundo os lugares onde ela é falada. Isso nos leva ao paradoxal quarto e último conceito aqui tratado, o de uniformidade e diversidade dialetal. O escritor João Ubaldo Ribeiro aponta uma pluralidade de culturas e subculturas no Brasil que, por sua vez, resulta na diversidade no modo de falar do brasileiro, de acordo com fatores regionais, temporais, sociais e mesmo pessoais.

Essa diversidade dialetal pode ser vista também ao se observarem os falantes do português ao redor do mundo. Ao passo que a existência da diversidade dialetal não possa ser contestada, a língua preserva uma unidade estrutural, uma uniformidade em seu âmago, que a torna imediatamente reconhecível por seus falantes onde quer que a ouçam. As folhas de uma árvore podem assumir coloração diferente, variando de acordo com época do ano, exposição ao sol, vento e umidade. Mas seus galhos, tronco e raízes permanecem, uma vez atingida a maturidade. Do mesmo modo, a amadurecida língua portuguesa apresenta diversidade, tons e cores, em seus elementos menores, mas sua estrutura permanece uniforme.


Nas palavras do escritor português José Saramago, ‘as transformações não tiram a evidência de que se trata do corpo da língua portuguesa. É um corpo espalhado pelo mundo’.

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WV

Clique para baixar a resenha: http://db.tt/1HlApF7j

20 de jun. de 2013

Variação e Mudança Linguística


O que muda nas línguas? Por que e como elas mudam?

As estruturas sociais e suas histórias se relacionam de forma intrínseca às línguas com as quais se expressam. Por língua entende-se um sistema organizado de signos utilizado na comunicação entre falantes da mesma língua. De certa forma, esse sistema linguístico sofre interferência externa, ou seja, social, alterando-se para atender às necessidades comunicativas dos falantes. Porém, nem tudo na língua é mutável. O sistema linguístico é, portanto, autônomo e possui regras bem definidas que, entre outras coisas, regem o que pode ser mudado e o que não pode.

O que muda na língua? Visto que a mudança linguística não ocorre de forma desordenada nem aleatória, é possível mapear, através da análise comparativa de textos gerados ao longo da história, os pontos passíveis de mudança. Essa análise indica que mudanças podem ocorrer em qualquer nível da gramática. Por exemplo, a comparação feita por Fiorin (2002:147) entre dois textos produzidos em língua portuguesa, A Lei dos Almuxarifes de D. Afonso II, do século XIII, e Jornada dos Vassalos da Coroa de Portugal, Pe. Bartolomeu Gomes, do século XVII, indica mudanças fonológicas, sintáticas, semânticas, morfológicas e lexicais. É digno de nota que uma mudança num componente da gramática pode desencadear alterações em outros elementos dela. Por exemplo, uma mudança em um pronome de tratamento pode implicar em mudança no uso de um pronome possessivo.

Por que as línguas mudam? A mudança na língua escrita, em geral, ocorre em resultado de mudança prévia na língua falada. Assim, o que realmente nos interessa é a raiz das mudanças na língua falada. Para o sociolinguista norte americano William Labov, a heterogeneidade é a raiz de toda mudança linguística. Uma sociedade heterogênea pode gerar heterogeneidade na língua, e vice-versa.

Um exemplo disso é o caso dos pronomes pessoais no português do Brasil. O pronome tu, oriundo do latim, foi por algum tempo o único pronome de segunda pessoa do singular. Mudanças de natureza hierárquica (heterogeneidade social) desencadearam o surgimento de formas de tratamento que contemplassem as diferenças sociais, tais como Vossa Mercê e, depois, vosmecê. O uso desse último pronome tornou-se tão comum a ponto de dispensar a diferença hierárquica entre os falantes. Além disso, surgiram diversas formas reduzidas dando origem ao nosso você que hoje é utilizado semanticamente como segunda pessoa.

Como as línguas mudam? A maioria dos linguistas concorda que o processo de mudança linguística é gradual. O início da mudança pode ser provocado pelo contato entre duas línguas diferentes ou por fatores internos à língua e à comunidade em que é falada. Duas formas linguísticas coexistem durante um período, sendo chamadas de variantes. As variações podem gradualmente sobrepor-se a outras formas variantes ao ponto de, ao final do processo, haver apenas uma forma, completando-se assim um processo de mudança.

O processamento se dá por meio de mutações vocálicas, reanálise e extensão. Um caso de mutação vocálica foi a perda de distinções existentes no latim.  Ao passo que o latim tinha 10 vogais, o português ficou com apenas sete. Quando determinado tipo de oração mantém sua manifestação superficial, mas passa a ter uma estrutura subjacente distinta, ocorre a reanálise. É o caso, por exemplo, de o guarda não queria deixar o menino entrar. Sentenças como essa são compatíveis com duas análises diferentes, uma em que o menino é o sujeito de entrar e outra em que o menino é o objeto de deixar.  Um exemplo de extensão pode ser visto no fato de que a locução conjuntiva com que, antes usada apenas em conjunção com o verbo fazer, aos poucos começa a ser estendida a outros verbos causativos.

A difusão da mudança linguística ocorre segundo o padrão característico da chamada curva em "S", caracterizada por um início lento, seguido de um crescimento acentuado e rápido e, por fim, uma desaceleração. Fatores sociais como idade, classe social, sexo e prestígio exercem influência sobre a difusão, seja no sentido de impulsioná-la, ou de freá-la.

A língua influencia a sociedade e é por esta influenciada. Parece bastante pertinente, portanto, a advertência de Sapir (1929) para que os linguistas se "tornem mais conscientes do que sua ciência pode significar para a interpretação da conduta humana geral". A diversidade no uso de uma mesma língua é fato. A desconsideração desse fato, manifesta na restrição do escopo de pesquisa, a tornaria menos rica, menos benéfica e menos importante para a sociedade da qual é extraída.
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TD/WV

18 de jun. de 2013

Uma breve história do Português do Brasil

A variabilidade linguística do português brasileiro não surgiu por acaso. Antes, a dinâmica linguística que vivenciamos pode ter suas relações com o passado remoto, tão distante quanto os tempos pré-coloniais, rastreada, estabelecida e estudada.

Dentre os aspectos históricos relacionados com a formação social do povo brasileiro e as resultantes variações linguísticas no PB*, podem-se destacar os seguintes: (1) a influência dos povos indígenas; (2) a contribuição dos africanos; e (3) a imigração de europeus.


Acredita-se que havia, no ano de 1500, entre 1 e 6 milhões de indígenas no que hoje é o território brasileiro, com suas cerca de 300 línguas diferentes. Não era de se esperar que da noite para o dia todos começassem a falar a língua portuguesa. Ao contrário, sua implantação foi um processo lento, que incluiu a predominância de “línguas gerais” (a paulista, a amazônica e a de base cariri) por um período de aproximadamente 300 anos, contados a partir de 1500. A “língua geral”, de acordo com MATOS e SILVA (2004), era um “português simplificado com interferências das línguas indígenas e também das africanas”.


Um exemplo da influência das línguas indígenas sobre a variabilidade linguística está na contribuição massiva para o léxico do PB. Do tupi-guarani, por exemplo, o português brasileiro absorveu cerca de dez mil palavras, em sua maioria topônimos, antropônimos e substantivos comuns.


Embora não exista comprovação de influência fonológica ou gramatical das línguas indígenas no PB, é curioso o que se observa no estudo dos índios do tronco macrojê. Algumas tribos ligadas a esse tronco, que não era nômade, que habitavam o Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, possuíam o “r” retroflexo, também presente no falar caipira, comum entre habitantes do interior daquele estado.


Um segundo fator a ser considerado na caracterização do PB é a influência dos africanos trazidos ao Brasil. Embora haja divergências quanto ao número aproximado, acredita-se que 18 milhões de escravos africanos, das culturas banto e sudanesa, chegaram ao Brasil entre 1538 e 1855, trazendo sua língua, sua cultura e, consequentemente, sua influência sobre as estruturas social e linguística aqui existentes.


Contribuições importantes foram feitas ao léxico por parte dessas culturas. Palavras como lenga-lenga, moleque, cachaça, beleléu e zonzo, fazem parte do legado de cerca de 300 palavras africanas incorporadas ao PB (CASTRO, 1980).


Por fim, mais recente e menos importante que as influências indígena e africana, o português do Brasil foi também influenciado em sua caracterização pela imigração de europeus a partir da segunda metade do século XIX, especialmente depois de 1870. Um quadro que combinava problemas econômicos na Europa, libertação dos escravos e expansão da agricultura brasileira, despertou o interesse de muitos italianos, espanhóis, alemães e portugueses, pelo Brasil.


Diferentes dos africanos, os imigrantes europeus, ao chegarem ao Brasil, já encontraram uma língua nacional, resultado de um movimento pela promoção da “linguagem brasileira”, iniciado em 1826. Embora isso talvez tenha reduzido o impacto da influência desses imigrantes europeus sobre a variabilidade da língua aqui falada, certamente não a anulou por inteiro, visto que pode ser claramente notada, em especial, nas regiões Sul e Sudeste do país.


À luz dos três aspectos considerados acima, a variabilidade linguística no português do Brasil pode ser mais bem compreendida em sua relação com os aspectos sócio-históricos que lhes deram origem.


*PB - Português do Brasil


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WV

11 de mai. de 2013

Encontro Inusitado: 1 Real em Papel

Folhear livros antigos pode trazer as mais inusitadas surpresas. A de hoje foi encontrar uma nota de 1 real dentro de um velho dicionário Português-Inglês-Português. 




Deu saudade do tempo em que um real sozinho servia pra alguma coisa, saudade do tempo em que o flanelinha não faria cara feia se recebesse a unitária, mas não desprezada quantia. Havia anos eu não via uma daquelas. Assim anacrônica, pareceu obra de arte, peça de museu. 




Tanto é assim que decidi leiloar: lances a partir de 100 reais! :-)


-WV


22 de abr. de 2013

Brief Review of Jane Austen Writings

Make a Timeline at Preceden.com


Jane Austen - Life and Work


Highlights of life and work of British authoress Jane Austen.


Jane Austen's life

Main written works (books): 
  • Sense and Sensibility
  • Pride and Prejudice
  • Mansfield Park
  • Emma
  • Northanger Abbey
  • Persuasion

Life

Born:   16 December 1775 

Steventon Rectory, Hampshire, England 

Died:     18 July 1817 (aged 41)
Winchester, Hampshire, England 

Resting place:    Winchester Cathedral, Hampshire, England

Jane Austen's life

Born: 12/16/1775 - Dead: 07/18/1817
Period of Jane Austen’s life

Work

Main writings

Sense and Sensibility

Published in 1811

Sense and Sensibility was the first novel from Jane Austen, published in October 31th, 1811.

The Dashwood ladies, after the death of the family patriarch, were forced to leave their beloved Norland Park, which was bequeathed to a son of Mr. Dashwood’s first marriage.

The love affairs of Elinor and Marianne Dashwood highlights a strong theme in the novel, which is whether to marry for love or money, a question that still today is relevant.


Pride and Prejudice

Published in 1813

Pride and Prejudice tells the love story between Elizabeth Bennet and Fitzwilliam Darcy. She is a witty and good humored young woman and he a rich landowner at Derbyshire.

The plot evolves around the theme of the pride on his side, and prejudice on hers. The main idea is that people and things are not what they seem to be at first look. Many of her readers would say that this is her master work.


Mansfield Park

Published in 1814


Jane Austen skillfully brings to the stage a mix of emotions, leading us to think about what is really important in life, beyond the frames of prejudice in which people, even nowadays, are often caged.

Fanny Price, a poor relation of the wealthy Bertram family, is the heroine in this story.

Worthy of mention is the insufferable character of Mrs. Norris, which adds a new dimension to the concept of smallness of mind.


Emma

Published in 1815


“Emma Woodhouse, handsome, clever, and rich, with a comfortable home and happy disposition, seemed to unite some of the best blessings of existence; and had lived nearly twenty-one years in the world with very little to distress or vex her.”

That’s probably the best ever description of Emma’s character. The plot is about a young woman who is very busy with other’s marriage business, even to the point of not perceiving her own feelings.

Though some critics have claimed lack of story, dozens of adaptations for television, cinema and theatre seem to indicate otherwise. The minutiae about trivial matters of daily life does not compromise the plot’s appeal.


Northanger Abbey

Published in December of 1817  (Posthumous publication)


The 17 year old Catherine Morland is the naive heroine of this novel. In her first contact with the world (the city of Bath) she comes to learn that not everything is exactly as it seems to be at first sight. In time her first friends at Bath show themselves to be quite different from what she first thought they were.

Not only there she finds herself misled. Guided by her reading of Udolpho works, she fancies that Tilney’s house, Northanger Abbey, is full of secret chambers and mysteries. Also, General Tilney hastily and wrongly concludes she is rich and elects her to be his daughter in law. The sting of his disappointment hurts her.

That was the first of Jane Austen’s novels to be ready for publishing, actually only published after her death.


Persuasion

Published in December of 1818 (Posthumous publication)

Miss Anne Elliot was persuaded by her good friend, Lady Russel, to withdraw of a romantic relationship with then Mr. Wentworth, with whom she marries through many pains eight years later.

The authoress’s recurring theme of whether marrying by money or love is once more at the spotlight of the plot.

Force own opinions at others can make them suffer, despite good intentions. ‘Let each one use his/her right to choose’ is screamed from the start to the end of the novel. Not only witty, Jane Austen showed in this work sharp understanding of human nature.

- WV

Credit of all pictures: BBC.

4 de abr. de 2013

Linguagem e Preconceito


"My experience is that as soon as people are old enough to know better, they don't know anything at all."

As palavras acima são atribuídas a Oscar Wilde (1854-1900) e transmitem a ideia básica de que modéstia e juventude nem sempre andam de mãos dadas. O passar do tempo é condição necessária para se conhecer melhor o mundo à nossa volta. Quando o tempo passa, arrasta consigo aquela sensação de poder sobre o conhecimento e deixa em seu rastro a certeza de que se sabe absolutamente nada. 

Essa descoberta da própria ignorância parece ocorrer de modo paulatino e uniforme. Vez por outra, porém, um ‘salto quântico’ golpeia uma faceta da vaidade do intelecto, destrói pilares do preconcebido e nos faz crescer. 

Foi o que me aconteceu hoje. Era uma instigante e envolvente aula sobre linguística. Os termos técnicos e os detalhes menos relevantes ficam fora, pois não passo de um leigo curioso e não tenciono dar outra impressão a você.

O que estava em discussão eram as características peculiares ao jeito de falar de pessoas da mesma língua que residem em determinado espaço. Dialeto.

Em primeiro lugar, não é difícil aceitar diferentes sotaques. Até gostamos muito dessa diversidade alegre. Segundo, é curioso o uso de palavras distintas para se referir ao mesmo objeto. 
Por exemplo, minha esposa foi barrada na porta giratória de uma agência bancária no Rio de Janeiro e o guarda gentilmente sugeria “o chapéu, senhora, o chapéu”. “Mas o chapéu é de palha” ela redarguia. Não fazia sentido algum para uma pernambucana, até que alguém que transitava entre os dois mundos acudiu e traduziu: era a sombrinha! Caso passado, boas risadas. 
Até aí, tudo bem, ótimo! No entanto, o terceiro aspecto considerado causou o que bem poderia ser descrito como guerra interna intensa. Um dos fatores da composição do dialeto é o uso que as pessoas fazem, ou deixam de fazer, da chamada norma culta. 

Não se tratava de uma defesa de “Os menino foi”, em detrimento de “Os meninos foram”. Também não era um ataque à norma culta. Era um bombardeio contra os pilares do preconceito de que não basta transmitir ideias, objetivo primário da linguagem – para este leigo, repito – mas que é necessário fazê-lo de acordo com o que é aceito como correto pela norma culta.

De fato, não há nenhuma superioridade de uma forma de expressão sobre outra se ambas forem eficazes em transmitir o mesmo pensamento. É só preconceito o que nos faz franzir a testa e torcer o nariz quando ouvimos o ambulante dizer: ‘água é dois real”. 

Naturalmente, há vantagens em se falar e escrever de acordo com a norma culta, assim como há desvantagens em não se fazer isso. Parece, entretanto, que a raiz da diferença está fincada noutro campo. Pior ainda, parece não existir uma solução viável para esse problema. Mas há o caminho da tolerância, do respeito mútuo, que o tempo aos poucos há de mostrar para quem quiser ver. Eu quero!

À medida que nossa visão do todo aumenta, diminui nosso senso de detenção do conhecimento. Chegamos a compreender que ‘não sabemos absolutamente nada’. 

WV

31 de mar. de 2013

Pra que tanta pressa?


Domingo de manhã, Linha Amarela, trânsito calmo, fluxo em movimento a ¾ da velocidade máxima da via. Do nada aparece uma motoneta comum tripulada por um alfaiate do asfalto. Improvável que estivesse acima do limite de velocidade da via; evidente que os limites do senso comum haviam sido ultrapassados havia muito pelo zigue-zagueante condutor.

Pode até ser que para a pressa houvesse alguma explicação. Pessoas vivem caindo do décimo terceiro andar de prédios da Zona Norte. Quem sabe ele não levasse consigo um colchão de ar de bolso para amortecer o impacto do vivente já em queda livre?

Parece que estamos tão habituados ao corre-corre que mal notamos quando estamos acelerados demais em necessidade de menos. Nem paramos para pensar que nossa pressa pode nos levar cedo demais para onde não queremos: um leito de hospital, uma cadeira de rodas ou, pior ainda, a prisão perpétua sem grades e sem carcereiro. No afã de chegar a lugar nenhum, a gente se esquece da gente que cruza o caminho, gente como nós, como nossos pais, como nossos filhos.

Um homem de 35 anos entra num cassino e aposta $ 23.652.000,00 para tentar ganhar apenas $ 5,00. Tolice! Tolice, não se discute. O curioso é que não pensamos assim quando apostamos muito mais do que apenas dinheiro.

Um homem de 35 anos, com expectativa de vida de 80, que sai desesperado para ganhar apenas 5 minutos numa missão e veículo comuns, faz aposta em tão desfavoráveis condições quanto nosso infeliz jogador. Ainda pior, vidas alheias podem se perder.

Nesse contexto, a palavra imprudência poderia ser perfeitamente substituída por burrice. 

WV

30 de mar. de 2013

Taciturno

Há muitas coisas que podem ser chamadas angustiantes. Fico a me perguntar se animais conhecem sensação que humanos chamam angústia. Tomara sejam mais felizes e saltitantes sem tal grilhão.

A mente transborda pensamentos desordenados e a angústia, causa ou resultado, manifesta presença veemente. Onde haveria um livro, há migalhas de caracteres que pouca ou nenhuma diferença fazem no vazio em que caem. 

Cascata de pensamentos em profusão que se derramam mas nunca tocam o chão, nunca criam raízes, nunca crescem; não florescem nem dão fruto. O que há de volátil na imagem que despenca, há de perene nas marcas que deixa ao cair em vão.

Ventos mudam de direção. Há bons ventos; há ventos hediondos. Incapazes quase sempre de identificar os bons e as oportunidades que trazem, absurdamente aptos a perceber que ventos ruins sopraram e destruiram sonhos, ou mudaram para sempre um rumo almejado. 

Há pesos nos pés que fazem pesar as pálpebras do vivente. Há angustiantes e causticantes ventos que o fazem querer não sê-lo. Há tempestade silenciosa destruindo castelos de sonhos distantes. Há sopros contrários, não se percebem os favoráveis. Não se percebem as tréguas da tempestade, brechas para a reconstrução de refúgio. Não se pode saber se elas realmente existiram ou foram apenas muitíssimo desejadas.

Caminhos percorridos em vão, calos nos pés sem razão. Vista embaçada pela névoa que não se esvai nem mesmo sob pressão dos ventos, nem mesmo com o Sol a pino que se não pode ver, mas que ainda oferece evidência de sua presença em noventa graus. 

E há também aquele ponteirinho intermitente e chato que aponta para todos os pontos num plano, mas sempre indica o mesmo caminho para uma moradia sombria e de longa duração. 

-WV

15 de mar. de 2013

Despejo

A palavra despejo é frequentemente associada com algo negativo. Experimentos são centros de despejos, despejam-se ideias; o que funcionar, ótimo; o que não, era apenas experimento. 

Grafia livre? Uma arena em que as palavras se cruzam livremente, sem briga, sem perda de pontos, sem penalidades, apenas ganhos que só os experimentos trazem. 

Há tanto material inflamável para ser lançado na fogueira do pensamento. Que suba a cortina de fumaça multicor, atóxica e que não arde nos olhos.