A mente transborda pensamentos desordenados e a angústia, causa ou resultado, manifesta presença veemente. Onde haveria um livro, há migalhas de caracteres que pouca ou nenhuma diferença fazem no vazio em que caem.
Cascata de pensamentos em profusão que se derramam mas nunca tocam o chão, nunca criam raízes, nunca crescem; não florescem nem dão fruto. O que há de volátil na imagem que despenca, há de perene nas marcas que deixa ao cair em vão.
Ventos mudam de direção. Há bons ventos; há ventos hediondos. Incapazes quase sempre de identificar os bons e as oportunidades que trazem, absurdamente aptos a perceber que ventos ruins sopraram e destruiram sonhos, ou mudaram para sempre um rumo almejado.
Há pesos nos pés que fazem pesar as pálpebras do vivente. Há angustiantes e causticantes ventos que o fazem querer não sê-lo. Há tempestade silenciosa destruindo castelos de sonhos distantes. Há sopros contrários, não se percebem os favoráveis. Não se percebem as tréguas da tempestade, brechas para a reconstrução de refúgio. Não se pode saber se elas realmente existiram ou foram apenas muitíssimo desejadas.
Caminhos percorridos em vão, calos nos pés sem razão. Vista embaçada pela névoa que não se esvai nem mesmo sob pressão dos ventos, nem mesmo com o Sol a pino que se não pode ver, mas que ainda oferece evidência de sua presença em noventa graus.
E há também aquele ponteirinho intermitente e chato que aponta para todos os pontos num plano, mas sempre indica o mesmo caminho para uma moradia sombria e de longa duração.
-WV
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