Domingo de manhã, Linha Amarela, trânsito calmo, fluxo em
movimento a ¾ da velocidade máxima da via. Do nada aparece uma motoneta comum tripulada
por um alfaiate do asfalto. Improvável que estivesse acima do limite de velocidade
da via; evidente que os limites do senso comum haviam sido ultrapassados havia
muito pelo zigue-zagueante condutor.
Pode até ser que para a pressa houvesse alguma explicação.
Pessoas vivem caindo do décimo terceiro andar de prédios da Zona Norte. Quem
sabe ele não levasse consigo um colchão de ar de bolso para amortecer o impacto
do vivente já em queda livre?
Parece que estamos tão habituados ao corre-corre que mal
notamos quando estamos acelerados demais em necessidade de menos. Nem paramos
para pensar que nossa pressa pode nos levar cedo demais para onde não queremos:
um leito de hospital, uma cadeira de rodas ou, pior ainda, a prisão perpétua
sem grades e sem carcereiro. No afã de chegar a lugar nenhum, a gente se esquece
da gente que cruza o caminho, gente como nós, como nossos pais, como nossos
filhos.
Um homem de 35 anos entra num cassino e aposta $ 23.652.000,00
para tentar ganhar apenas $ 5,00. Tolice! Tolice, não se discute. O curioso é
que não pensamos assim quando apostamos muito mais do que apenas dinheiro.
Um homem de 35 anos, com expectativa de vida de 80, que sai desesperado para ganhar apenas 5 minutos numa missão e veículo comuns, faz aposta em tão desfavoráveis condições quanto nosso infeliz jogador. Ainda pior, vidas alheias podem se perder.
Um homem de 35 anos, com expectativa de vida de 80, que sai desesperado para ganhar apenas 5 minutos numa missão e veículo comuns, faz aposta em tão desfavoráveis condições quanto nosso infeliz jogador. Ainda pior, vidas alheias podem se perder.
Nesse contexto, a palavra imprudência poderia ser
perfeitamente substituída por burrice.
WV